Ana Kaye entrevista o Del. Titular de Petrópolis Dr. Cley Biagio Catão

A.Kaye- Algum motivo ou influência na escolha de sua profissão?

Dr. Cley B.Catão R. Desde o início do meu curso de graduação em Direito, sempre tive o maior interesse por temas relacionados ao comportamento criminoso desenvolvido pelo homem, dedicando-me ao estudo das disciplinas relacionadas a essas questões:Direito Penal e Direito Processual Penal.

A.Kaye- Qual é o tipo de crime mais registrado na sua Delegacia? Pode falar por favor de outras delegacias que tenha estado à frente também ?

Dr. Cley B. Catão- R.  Os principais crimes ocorridos na circunscrição da 106  DP/Petrópolis, são aqueles cujas penas não excedem a dois anos de prisão, denominados pela lei de "pequeno potencial ofensivo". Em seguida aparecem os crimes contra o patrimônio, em especial os cometidos sem violência às pessoas, como é o caso do crime de furto , previsto no artig 155 do Código Penal. Nos 17 anos em  que exerço a profissão de delegado de polícia, recebi a oportunidade de atuar em diversos segmentos da polícia Civil, tanto na área operacional, bem como na esfera administrativa , e como exemplo posso citar a minha última experiência, quando recebi a árdua tarefa de comandar todas as delegacias da baixada Fluminense. Já na área operacional, atuei durante alguns anos na Divisão Anti Sequestro --DAS.

A.Kaye- Na sua opinião, a prisão resolve ?

Dr. Ckey B. Catão- R. Infelizmente nos moldes do sistema carcerário atual, acredito que a prisão embora seja extremamente sacrificante para o apenado, não cumpra sua finalidade precípua, que é a de reintegrar o autor do crime à sociedade.

A.Kaye- O que o Dr. Cley pensa da lei que estabelece os crimes de abuso de autoridade ?

Dr. Cley B. Catão- É importante ressaltar que todos estão sujeitos às regras estabelecidas pela lei, seja exercendo cargos de autoridade ou não.

A.Kaye- O que o Dr. pensa do Projeto de Lei que criminaliza a violação às prerrogativas dos advogados ?

Dr. Cley B. Catão- O advogado é parte indispensável ao equilibrio das relações jurídicas, especialmente nas questões referentes aos direitos e garantias individuais do cidadão. E nesse ponto, míster se faz comentar  acerca da vigência do estatuto dos Advogados, que prevê amplamente quais as prerrogativas do advogado.

A.Kaye- Qual a sua justificativa para o aumento da criminalidade doméstica ?

Dr. Cley B. Catão- R. Atualmente com a globalização, bem como com todo o arsenal de informações à disposição da sociedade, observamos a impiedosa busca pela valorização do TER em detrimento a valores essenciais à natureza do homem na esfera filosófica do SER.

A.Kaye- Existe na sua opinião, alguma mudança no perfil de um criminoso que justifique os crimes cada vez mais cruéis, mais hediondos ?

Dr. Cley B Catão- R. Com certeza a sensação de impunidade que existe, ou a falsa impressão de que "não vai dar em nada".

A.Kaye- Não se mata apenas, mata-se com requintes de crueldade, assutando até os próprios profissionais da área. O Dr. teria alguma explicaçao para essa barbárie ?

Dr. Cley.B.Catão- Embora a pergunta nos remeta a inúmeras reflexões acerca da evolução da humanidade, o que por si só, não haveria no momento espaço suficiente para o entendimento da questão, creio que a banalização de alguns comportamentos criminosos estão sendo legitimados pela sociedade em geral.

A.Kaye- Sobre a banalização da vida, como essa realidade tem assustado tanto e por que foi deixado chegar a esse ponto, repito, a impunidade ?

Dr. Cley B. Catão- A legislação brasileira que está em vigor, contempla de forma conclusiva  todos os mecanismos necessários à avaliação do comportamento criminoso, e na verdade na minha opinião, a sociedade necessita ser composta por pessoas melhores, mais afinadas com valores humanitários mínimos.

A.Kaye- Gostaria de saber sua opinião sobre o uso dos bafômetros, o controle rígido nas ruas e a lei Seca. Acha mesmo que pode acontecer uma queda nas estatísticas e diminuião de mortes ?

Dr. Cley B. Catão- No nosso cotidiano, temos visto uma melhoria significativa acerca das questões relacionadas à segurança no trãnsito, mas ainda é muito cedo para fazer uma análise definitiva desse grave problema.

Obrigada Dr. Cley Biagio Catão, pela sua boa vontade em compartilhar com nossos leitores de O REBATE, suas experiências no cotidiano do que é estar à frente de uma Delegacia Civil, e toda a comlexidade que ela envolve.

Atenciosamente

Ana kaye