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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Andréa Luisa Bosco visita Ana kaye... Mulheres que correm com os Lobos...


Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo... robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular.

Entretanto, a separação da natureza selvagem faz com que a personalidade da mulher se torne mesquinha, parca, fantasmagórica, espectral.

Não fomos feitas para ser franzinas, de cabelos frágeis, incapazes de saltar, de perseguir, de parir, de criar uma vida.

Quando as vidas das mulheres estão em estase, tédio, já está na hora de a mulher selvática aflorar. Chegou a hora de a função criadora da psique fertilizar a aridez.

A Mulher Selvagem carrega consigo os elementos para a cura; traz tudo o que a mulher precisa ser e saber. Ela dispõe do remédio para todos os males. Ela carrega histórias e sonhos, palavras e canções, signos e símbolos.

Ela é tanto o veículo quanto o destino...

Aproximar-se da natureza instintiva não significa desestruturar-se, mudar tudo da esquerda para a direita, do preto para o branco, passar o oeste para o leste, agir como louca ou descontrolada. Não significa perder as socializações básicas ou tornar-se menos humana.

Significa exatamente o oposto. A natureza selvagem possui uma vasta integridade...

Ela implica delimitar territórios, encontrar nossa matilha, ocupar nosso corpo com segurança e orgulho
independentemente dos dons e das limitações desse corpo, falar e agir em defesa própria, estar consciente, alerta, recorrer aos poderes da intuição e do pressentimento inatos às mulheres, adequar-se aos próprios ciclos, descobrir aquilo a que pertencemos, despertar com dignidade e manter o máximo de consciência possível.

Onde vive a Mulher Selvagem?

No fundo do poço, nas nascentes, no éter do início dos tempos...
Ela está na lágrima e no oceano. Está no câmbio das árvores, que zune à medida que cresce...
Ela vem do futuro e do início dos tempos...
Vive no passado e é evocada por nós...
Vive no presente e tem um lugar à nossa mesa, fica atrás de nós numa fila e segue à nossa frente quando dirigimos na estrada.
Ela vive no futuro e volta no tempo para nos encontrar agora.
Ela vive no verde que surge através da neve... nos caules farfalhantes do milho seco do outono... ali onde os mortos vêm ser beijados e para onde os vivos dirigem suas preces.
Ela vive no lugar onde é criada a linguagem...

Ela vive da poesia, da percussão e do canto...

Vive de semínimas e apojaturas, numa cantata, numa sextina e nos blues...

Ela é o momento imediatamente anterior àquele em que somos tomadas pela inspiração...

Ela vive num local distante que abre caminho até o nosso mundo.

As pessoas podem pedir evidências, uma comprovação da existência da Mulher Selvagem.

No fundo, estão pedindo provas da existência da psique...

Já que somos a psique, somos também a prova. Cada uma e todas nós comprovamos não só a existência da Mulher Selvagem, mas também a sua condição em termos coletivos. Somos a prova do inefável numen feminino...


Nossa existência é paralela à dela...
Nossas experiências internas e externas com ela são essas provas... Nossos milhares e milhões de encontros intrapsíquicos com ela, em nossos sonhos noturnos e pensamentos diurnos, em nossos anseios e aspirações, são a confirmação de que ela existe....

O fato de nos sentirmos desoladas na sua ausência, de ansiarmos por sua presença quando dela estamos separadas — essas são manifestações dela ter passado por aqui...

Onde ela está presente? Onde se pode senti-la? Onde se pode encontrá-la? Ela caminha pelos desertos, bosques, oceanos, cidades, nos subúrbios e nos castelos...

Ela vive entre rainhas, entre camponesas, na sala de reuniões, na fábrica, no presídio, na montanha da solidão... Ela vive no gueto, na universidade e nas ruas.
Ela deixa pegadas para que possamos medir nosso tamanho. Ela deixa pegadas onde quer que haja uma única mulher que seja solo fértil...

O arquétipo da Mulher Selvagem, bem como tudo o que está por trás dele, é o benfeitor de todas as pintoras, escritoras, escultoras, dançarinas, pensadoras, rezadeiras, de todas as que procuram e as que encontram, pois elas todas se dedicam a inventar, e essa é a principal ocupação da Mulher Selvagem...

Como toda arte, ela é visceral, não cerebral...

Ela sabe rastrear e correr, convocar e repelir. Ela sabe sentir, disfarçar e amar profundamente. Ela é intuitiva, típica e normativa. Ela é totalmente essencial à saúde mental e espiritual da mulher....

Ela é a origem do feminino.... Ela é tudo o que for instintivo, tanto do mundo visível quanto do oculto — ela é a base.

Cada uma de nós recebe uma célula refulgente que contém todos os instintos e conhecimentos necessários para a nossa vida.
Ela é a força da vida-morte-vida; é a incubadora...

É a intuição, a vidência, é a que escuta com atenção e tem o coração leal. Ela estimula os humanos a continuarem a ser multilíngües: fluentes no linguajar dos sonhos, da paixão, da poesia...

Ela sussurra em sonhos noturnos; ela deixa em seu rastro no terreno da alma da mulher um pêlo grosseiro e pegadas lamacentas...

Esses sinais enchem as mulheres de vontade de encontrá-la, libertá-la e amá-la...
Ela é idéias, sentimentos, impulsos e recordações...

Ela ficou perdida e esquecida por muito, muito tempo. Ela é a fonte, a luz, a noite, a treva e o amanhecer. Ela é o cheiro da lama boa e a perna traseira da raposa. Os pássaros que nos contam segredos pertencem a ela. Ela é a voz que diz, "Por aqui, por aqui"...

Ela é quem se enfurece diante da injustiça. Ela e a que gira como uma roda enorme. É a criadora dos ciclos. É à procura dela que saímos de casa. É à procura dela que voltamos para casa.

Ela é a raiz estrumada de todas as mulheres. Ela é tudo que nos mantém vivas quando achamos que chegamos ao fim. Ela é a geradora de acordos e idéias pequenas e incipientes. Ela é a mente que nos concebe; nós somos os seus Pensamentos...


Qualquer um que seja íntimo de uma Mulher Selvagem está de fato na
presença de duas mulheres: um ser exterior e uma criatura interior, um que habita o
mundo terreno, e o outro que vive num mundo não tão visível.

O ser exterior vive à luz do dia e é observado com facilidade. Muitas vezes é uma pessoa pragmática, aculturada e muito humana.

Já a criatura costuma chegar à superfície vindo de muito longe e com freqüência aparece e desaparece rapidamente, embora sempre deixe uma sensação: algo de surpreendente, original e sagaz.

O esforço de compreender essa natureza dual das mulheres às vezes faz com que os homens, e até mesmo as próprias mulheres, fechem os olhos e bradem aos céus em busca de ajuda.

O paradoxo da natureza gêmea das mulheres reside no fato de que, quando um lado está mais frio sentimentalmente, o outro lado está mais quente.

Quando um lado é menos apressado e mais rico em termos relacionais, o outro pode ser até certo ponto gélido.

Muitas vezes um lado é mais feliz e maleável, enquanto o outro sente um anseio por “não sei bem o quê”.

Um lado pode ser cheio de alegria, enquanto o outro é lamentoso e melancólico.

Essas “duas-mulheres-que-são-uma” são elementos separados porém associados, que se combinam em milhares de formas.

"Temos força quando nos juntamos a outra pessoa. Quando estamos juntos, não podemos ser quebrados."

Da mesma forma, quando os dois lados da
natureza dual são mantidos juntos no consciente, eles têm um poder tremendo e não podem ser fragmentados.

Sozinho, o self mais civilizado vive bem... mas sente uma certa solidão.

Sozinho, o self selvagem também vive bem, mas anseia pelo relacionamento com o outro.

A perda dos poderes psicológicos, emocionais e espirituais das mulheres tem como origem a separação dessas duas naturezas e a simulação de que uma delas não mais existia.


O homem também tem sua própria natureza dual: o lado humano e o lado cachorro.

Sua natureza humana, embora simpática e carinhosa, não lhe basta para ter sucesso na corte.

E sua natureza canina, seu lado instintivo, que tem a capacidade de se esgueirar até perto das mulheres selvagens e, com sua audição aguçada, ouvir seus nomes.

É o self-cão que aprende a superar as seduções superficiais e a reter os conhecimentos mais importantes.

É essa natureza canina que tem a tenacidade e a audição apurada, os instintos para se enfiar por baixo de paredes e para encontrar, perseguir e resgatar idéias valiosas.

Mas, existem homens que não conseguem tolerar a dualidade e procura a perfeição, procura a verdade única, a substância feminina imutável e inalterável, encarnada na única mulher perfeita.

Porém o melhor homem é o que nutre uma intensa devoção pela idéia de ser dois. E o poder de ser dois está em agir como uma entidade una.

Portanto, esse homem deseja tocar essa combinação misteriosíssima e onipresente da vida da alma na mulher, e ele dispõe de uma soberania própria.

Já que ele próprio é um homem natural, ligado ao selvagem, ele tem uma sintonia com a mulher selvagem e sente atração por ela.

Entre aquela tribo de homens amontoados na psique da mulher, cujos membros são chamados pelos junguianos de animus, existe também uma atitude semelhante à desse homem, que procura e reivindica a dualidade da mulher, que a
considera valiosa, acessível e desejável, em vez de diabólica, feia e desprezível.

Esse homem, quer esteja no mundo interior, quer no mundo exterior, representa um amante novo mas cheio de fé, cujo desejo principal é o de identificar e compreender o luminoso duplo na natureza feminina e em si mesmo.

Especially for the lovely wolf... Luiz Rodrigues.


Eu Sou La Loba Andréa Luisa Bosco Freire
 e me sinto encantada pelo encontro com a minha Mulher Selvagem e Sagrada....


Texto: Mulheres que correm com os lobos... Clarissa Pinkola.


5 Comentários:

  • Shamannnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn

    Que maravilha!!!! Essa sua visita merecia não um tapete vermelho apenas, mas um tapete de rosas , naturais e frescas como você tanto ama!!! você é um aguerreira , um loba na arte de viver!!! A pessoa que me deu a mão com sua generosidade nata, e me ajudou a superar um dos mo mentos mais difpiceis e trsites da minha vida. Me ensinou apesar de ser tão nova ainda, a me auto valorizar, a me respeitar como mulher, a gostar novamente de mim. Isso em oucas palavras , é o meu desabrochar essa vida depois de tanto tempoi. Você me escreveu uma frase , alias uma das mais lindas que eu já li, "Que eu renasci das cinzas...." Isso é pra mim é RECOMEÇAR , voc|ê me protegeu, me mostrou qyue eu não posso me deixar ser tão ferida, que sou uma essoa do bem, que tenho que me amar e me admirar outra vez!!!! Obrigada minha querida amiga Andrea Luisa Bosco, a filha que Deus me colocou numa bandeja de ouro e me entregou !!!!
    Agradeço sempre a você ,a sua paixão pelo seu belo trabalho, e a ajuda primordial que sempre me deu, para que esse blog seja tão lindo e tão seguido!!! Bjjjjjjjjjjjjjjjjjs no seu coração, Parabéns sempre!!!
    Ana kaye

    Por Blogger Ana Kaye, às 9 de dezembro de 2010 às 08:13  

  • Minha doce Fada Shaman... Loba, Fênix... fico muito emocionada pela sua doce declaração e pelo seu RENASCIMENTO, porque nós viemos aqui pra sermos FELIZESSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS... Seja Shaman... vc merece tudo de bom nessa vida...

    Te amoooooooooooooooooooooooo demais! beijos...

    Por Blogger Andréa Bosco, às 9 de dezembro de 2010 às 08:22  

  • Queridaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!
    Lindo o que vc disse, viemos mesmo para sermos felizessssssssssssssssssssssssssss!!!! eu vou ser , porque eu mereço, eu fiz tudo certo e vc é a minha força!!!!
    O sucesso desse BLOG, é você minha querida!!!!
    Bjjjjjjjjjjjs
    ana kaye

    Por Blogger Ana Kaye, às 10 de dezembro de 2010 às 11:27  

  • Uma mulher saudável assemelha-se muito a um lobo... robusta, plena, com grande força vital, que dá a vida, que tem consciência do seu território, engenhosa, leal, que gosta de perambular.
    Bela colocaçao.Mulher loba,de varios homens ,leal?!
    Ca minha duvidas.Mas nao deixa de ser um belo texto Andrea loba
    Cidinha Araujo-Palmeiras

    Por Anonymous Anônimo, às 17 de dezembro de 2010 às 08:30  

  • Cidinha... O texto não falou isso, vc interpretou errado.

    A loba representa nosso lado instintivo, forte, que vai à luta, que tem coragem, que tem garra para viver....

    Beijos...

    Por Blogger Andréa Bosco, às 12 de janeiro de 2011 às 13:13  

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